2 dicas para ensinar organização para crianças

Em meu primeiro ano de atuação como personal organizer, quando meu filho era ainda um bebê, uma de nossas primeiras clientes me disse uma frase que marcou bastante minha forma de encarar a divisão de tarefas domésticas. Ela era mãe de três meninos de idades bastante próximas e o que me chamou a atenção foi chegar lá às 8h da manhã para um orçamento e os quartos dos meninos já terem sido arrumados pelas próprias crianças. No auge de minha imaturidade materna, eu disse algo como “Que ótimo eles ajudarem nas tarefas domésticas”, ao que ela esclareceu: “Não, Ingrid, aqui em casa eles não ajudam nas tarefas, eles simplesmente fazem a parte deles”. Simples assim! Cada um faz sua parte.

Confesso que mesmo me achando uma mãe moderna, antenada com a necessidade de dar autonomia para meu filho e preocupada em formar um menino independente, ainda não havia atinado com a idéia bem simples de que, se cada um fizer sua parte, o todo acontece. Pois a verdade é que neste nosso mundo configurado para relegar as tarefas domésticas às mulheres, fica quase subentendido que maridos, companheiros e filhos devem ajudar, mas não que sejam parte desta engenhoca chamada Casa. Mas o,fato é que, justamente por serem parte da casa, devemos dividir com eles as tarefas.

É claro que escrever é menos trabalhoso do que colocar a idéia em prática. Mas mesmo não conseguindo uma divisão tão igualitária quanto seria necessário, vale investir tempo para mudar a cultura doméstica. Com nosso filho, eu e meu marido começamos com ele guardando os próprios brinquedos, por volta dos dois anos. E cada vez fomos dando tarefas com mais complexidade e responsabilidade. Nos primeiros anos nós, por exemplo, o ajudávamos a guardar os brinquedos. Mas com cerca de 6 anos ele já era responsável por organizá-los sozinho e, quando estava com preguiça ou cansado, pedia ajuda. Nós apenas supervisionávamos a tarefa. Da mesma forma, quando entrou para o primeiro ano escolar eu fazia, desfazia e refazia a mochila dele todos os dias. Hoje, com 10 anos, ele é responsável por organizar tanto a mochila escolar quanto as esportivas e das aulas de idiomas. Também arruma todos os dias a mesa do jantar. E quando ele esquece de fazer algo como levar a mochila do judô? Fica sem treinar e, da próxima vez, não esquece de levar. Sei que para algumas mães pode parecer insensibilidade deixá-lo sair sem algo que devia levar. Mas como está mais do que provado cientificamente que somente o treino constante desenvolve o hábito, ele precisa treinar as responsabilidades todos os dias, certo?
Se você está às voltas com uma criança que desenvolve poucas ou nenhuma tarefa doméstica, sugiro começar hoje mesmo a dividir com ela algumas atividades. Mas considere dois pontos importantes:

1) Mais importante do que fazer a tarefa com a perfeição do adulto é simplesmente fazê-la. Tente evitar a todo custo refazer a tarefa para melhorar a qualidade pois, além de ensinar que o “bom o suficiente” da sua criança não é tão bom assim, você irá (mesmo sem querer, lógico!) desestimulá-lo. Muitas clientes nossas simplesmente não entendiam porque as crianças não queriam mais arrumar a cama mas, ao passarem a deixar a colcha daquele jeito meio desarrumado que a criança colocava, passaram a não ter mais problemas. Meu filho, por exemplo, aprendeu a arrumar a própria cama há vários anos mas, ainda hoje, não deixa o lençol tão esticadinho. Ele sabe que eu e meu marido fazemos melhor mas, como não refazemos a cama, reforçamos que o conhecimento dele sobre “arrumar camas” é suficiente para hoje. Esta lógica sobre “arrumar camas” é suficiente para hoje. Esta lógica vale para qualquer outra tarefa, como arrumar a mesa do almoço, dobrar o pijama ou o cobertor.

2) Dê tarefas para as crianças mesmo que você tenha babá ou funcionária doméstica em casa. Assim damos oportunidade de desenvolverem autonomia e responsabilidade com as próprias coisas. Ou seja, mesmo que você tenha uma babá com excelente habilidade para organizar brinquedos, sua criança pode ser responsável por mantê-los em ordem. Mesmo que sua empregada arrume mesas lindas para o jantar, permita que seu filho arrume a mesa do jeito dele e, assim, cultive o prazer de estar ao redor da mesa com os pais, amigos ou familiares.

Assim seguimos rumo a um mundo em que meninos e meninas se envolvam cada vez mais com o espaço mais íntimo que temos, sejam mais responsáveis, independentes, autônomos e felizes.Conheça nosso curso de Gestão e Administração