4 erros ao ensinar organização para crianças

Durante meus cursos de Organização Pessoal e Gestão Doméstica temos discutido muito entre as alunas como pode ser difícil ensinar uma criança a ser organizada desde pequena. Refiro-me não somente a guardar brinquedos. Uso o termo organização num sentido maior. Falo de um hábito que trará conseqüências para a criança ao longo de toda sua vida. Tenho acompanhado o pós-curso de várias alunas, especialmente com filhos pequenos, e foi possível perceber que não somente o tempo disponível de cada mãe para “insistir” em ferramentas de organização varia de acordo com a família, mas as ferramentas aplicadas à realidade da vida infantil também mudam muito. O interessante é observar, felizmente, que diversos métodos funcionam! Mas há outros que não dão certo. Estes são 4 erros que muitas mães e pais cometem ao ensinar organização aos filhos:

1) Ensinar apenas falando, sem fazer. Boa parte das mães e pais que não conseguem ensinar o filho a ser organizado com suas roupas, brinquedos e objetos pessoais me confessaram que investiram bastante tempo explicando “como fazer”. Mas não fizeram a tarefa ao lado da criança mais de uma vez. Não seguiram aquele passo-a-passo repetitivo que ajuda a criança a assimilar a tarefa como um novo hábito. Umas das mães me contou, por exemplo, que depois de ensinar o filho de 8 anos a dobrar o pijama passou apenas a cobrar que ele dobrasse. Depois de duas semanas de cobrança – sem resultados – ela sentou com ele e perguntou: “Filho, por que você não dobra o pijama?” Ele, honestamente, respondeu: “Por que eu esqueci como dobrar, mamãe”. Moral da história: como a criança aprende por imitação e por repetição, temos de praticar com ela várias vezes.

2) Impor seu próprio método de organização. É claro que sempre caberá ao adulto determinar boa parte de como deve ser organizada uma casa e suas rotinas. Afinal, essa responsabilidade cabe a nós. No entanto, muitas vezes os métodos que usamos são realmente bons para nós, mas não funcionam com nossos filhos. Quando meu filho era pequeno tentei, por exemplo, uma organização de brinquedos que havia funcionado com os filhos de várias clientes minhas de Gestão Residencial. Depois descobri que na minha casa um método mais simples já seria suficiente. Portanto, sugiro que você também tente questionar seus métodos e, quem sabe, simplificá-los como eu precisei fazer.

3) Mudar constantemente as rotinas domésticas. De acordo com as conversas que tive com clientes e alunas, uma das formas mais eficazes de desmotivar uma criança a seguir rotinas é, justamente, mudar a rotina várias vezes. Interessante observar isso porque muitos pais e mães acham que as crianças ficam entediadas com rotina. Engano nosso. Criança gosta de rotina (embora nem saiba disso) e, mais importante, se sente segura com ela. Na minha casa, montamos um mural (esse da foto ao lado) com a rotina do meu filho – na escola e em casa. Quando implantamos, anos atrás, ele inclusive ajudou a montá-lo com as plaquinhas de imã. Sei bem que quanto mais velha a criança, mais trabalho temos com a implantação de rotinas. Mas garanto que vale a pena o esforço de implantar novos hábitos. Vejo nas minhas clientes que as primeiras semanas podem até ser tumultuadas, mas após a turbulência inicial chega uma fase muito boa.

4) Organizar com perfeição o que a criança ainda não organiza muito bem. Essa eu aprendi com a minha experiência e também de amigas e clientes perfeccionistas como eu: nunca melhore a organização que sua criança fez. Descobri, com meu pequeno, que ele tem plena consciência de que eu dobro as camisetas melhor do que ele. Em sua ingenuidade infantil, até me pergunta como isso é possível (!).  Quando comecei a ensinar organização para ele, confesso que refiz algumas coisas que fugiram ao meu padrão de qualidade. Erro meu. Melhor deixar a cama menos arrumada do que eu gostaria e ensiná-lo que sempre dá para melhorar o próprio trabalho. Melhor ainda um pijama mal dobrado do que uma criança que crescerá deixando o pijama (e no futuro, todas as suas roupas!) em cima da cama para um adulto dobrar.

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